Nas últimas duas semanas, observadores de oligarcas russos estão de olho no megaiate Scheherazade ancorado na elegante Marina di Carrara, no norte da Toscana. Há suspeitas de que a embarcação superluxuosa de seis andares de US$ 700 milhões (R$ 3.4 bilhões) – com seus dois heliportos, várias piscinas, salões de beleza e acessórios dourados – pertence a Vladimir Putin.
Até alguns dias atrás, sua tripulação russa, liderada pelo capitão britânico Guy Bennett Pearce, cuja mãe disse ao Daily Telegraph que seu filho “nunca trabalharia para um assassino”, não deixou o navio. Mas o The Daily Beast descobriu que tudo isso mudou esta semana quando a tripulação russa desapareceu durante a noite, substituída por um grupo inteiramente britânico, que, apesar das restrições do Brexit que exigiriam vistos de trabalho, parecem ter vindo do nada.
A mudança de tripulação chamou a atenção da Confederação Geral do Trabalho da Itália, que confirmou ao The Daily Beast que os russos se foram. “Sim, eles eram todos russos até alguns dias atrás”, disse Paolo Gozzani, secretário da confederação. “Hoje a tripulação é composta inteiramente de ingleses. Estamos monitorando a situação dentro dos estaleiros, mas não porque me importo se é de Putin ou não: estou preocupado com as repercussões que uma apreensão ou congelamento de bens poderia ter sobre os trabalhadores do estaleiro.”
A polícia financeira italiana, que já confiscou milhões de dólares em iates, vilas e contas bancárias vinculadas a sanções contra a Rússia, está trabalhando para desvendar documentos que podem ou não vincular o navio a Putin. Marianna Ferrante, porta-voz do Italian Sea Group que administra o porto, diz que o navio chegou há cerca de um ano para ser reformado. Ela diz que não pertence a Putin – pelo menos não diretamente.
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Mas o líder da oposição russa, Alexei Navalny, diz que sim. Sua equipe de pesquisa publicou um vídeo que prova que o iate pertence a Vladimir Putin, um sentimento compartilhado por oficiais de inteligência dos EUA depois que o New York Times relatou supostos laços com o presidente russo.
A área onde o superiate Scheherazade – nomeada em homenagem a uma personagem feminina chave no conto do Oriente Médio As Mil e Uma Noites – é tão próxima da Pequena Rússia quanto em qualquer lugar da Itália.
O porto está repleto de lojas de grife e um ímã para turistas russos que migram para o resort Forte dei Marmi, que recebe cerca de 500 “frequentes” russos a cada verão, de acordo com o conselho de turismo local, que diz que a maioria cancelou para a próxima temporada.
Em 2010, os moradores fizeram uma petição para impedir que os russos expulsassem os locais, mas no final, o rublo russo venceu e a maioria dos trabalhadores portuários fala russo o suficiente para acomodar os numerosos iates russos que ficam ancorados lá a maior parte dos longos verões italianos.
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A autoridade portuária disse que todos os iates russos desapareceram meses antes da invasão russa da Ucrânia. Todos, exceto o Scheherazade, que atualmente é o único navio em águas italianas sem proprietário distinto, de acordo com a polícia financeira italiana.
Francesco De Pasquale, prefeito de Carrara, se cansou do interesse pelo mega navio. Ele e os líderes do Italian Sea Group emitiram uma declaração conjunta negando que Putin seja o proprietário. “De acordo com a documentação à disposição da empresa e na sequência do que resultou das verificações efetuadas pelas autoridades competentes, o iate Scheherazade de 140 metros, atualmente em construção para atividades de manutenção, não é imputável à propriedade do Presidente russo Vladimir Putin”, diz o comunicado, também enviado ao The Daily Beast.
Mas o porto também admitiu que se o Scheherazade fosse apreendido, seria desastroso para os 400 trabalhadores do porto que já investiram centenas de horas e materiais na reforma do megaiate. “Dentro do pátio, 400 trabalhadores diretos e outros 200 trabalham nas indústrias relacionadas”, diz o sindicalista Gazzoni. “Se o iate, que há semanas realiza operações de reequipamento, fosse apreendido, seria um desastre, um impacto imenso para os trabalhadores; a apreensão congelaria uma enorme área do canteiro de obras, quem sabe por quanto tempo, e impediria a entrada de novas obras.”
Fonte: The Daily Beast
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